5 frases a evitar quando faz networking

Por: Joana Andrade Nunes
02/02/2023

Odiado por uns, idolatrado outros, o networking — isto é, a criação de uma rede de contactos profissional de forma inteligente — é um tema que deve constar na agenda de todos os profissionais que se pautam pela excelência.

Quem nunca menosprezou um contacto que, naquele momento, lhe pareceu irrelevante mas que, mais tarde, se revelaria da máxima importância, atire a primeira pedra…

Há quem sustente que, sem networking, dificilmente se alcançam lugares profissionalmente diferenciados. 

Numa vertente menos radical, apresento-lhe outra perspetiva: imagine o quão melhor pode ser o seu percurso profissional se estabelecer e sedimentar uma rede de contactos que lhe permita conhecer vários profissionais, de diversas áreas que, mais cedo ou mais tarde, poderão fazer a diferença no seu percurso. 

Gostando ou odiando, em maior ou menor grau, acredito que pensar numa estratégia de networking que se enquadre na nossa atividade — e colocá-la em prática — dará frutos.

Assim, para que possa tirar o máximo partido dos eventos de networking e construir uma rede de contactos coesa — em particular, quando não está nos seus melhores “ares e graças” — apresento-lhe cinco frases que jamais deverá proferir, sob pena de aniquilar a imagem de excelência profissional.

  1. Não vejo interesse nenhum em eventos de networking

Joana, perder tempo em cocktails e conversas ao final do dia não é, de todo, para mim.”

Se o LinkedIn é “A rede profissional por excelência”, não vejo nenhuma vantagem em continuar a frequentar os pavorosos eventos de networking. Que desperdício de tempo.”

Acredito que um evento de networking às 19h00, numa sexta-feira, poderá não ser um programa de “fim-de-semana” apetecível. Contudo, salientar o seu descontentamento perante terceiros — e menosprezar o poder do networking — pode ser um erro fatal!

Quando lhe perguntarem o porquê de não aparecer, há séculos, nestes eventos, não indique, diretamente, que

 “Não tenho qualquer interesse”. 

Elegantemente — e com empatia — indique:

“Tem sido um desafio constante conciliar a agenda profissional com estes eventos. Contudo, estou a trabalhar para colocar o networking na agenda! 

  1. Nunca ouvi falar da sua empresa

O seu interlocutor integra uma organização que desconhece. Um clássico nos eventos de networking.

Todavia, temo que demonstrar o seu desconhecimento, indicando que “Nunca ouvi falar da sua empresa” não seja a melhor abordagem. 

No limite, poderá, tão só, revelar falta de cultura empresarial, quando se tratar de uma organização que deveria conhecer.

Se pretende saber mais sobre a empresa desconhecida, o que lhe parece a seguinte sugestão?

Tem projetos desafiantes, atualmente, em mãos?” ou “Quais são os projetos fundamentais do seu departamento?”

  1. Quanto ganha, atualmente?

Para não colocar uma verdadeira “bomba atómica” na conversa — e tal como já relembrei, várias vezes, nesta rubrica — jamais deverá colocar qualquer questão cuja resposta envolva um número. 

Às clássicas abordagens

“Quantos anos tem?”
“Quanto pesa? E quanto veste?”
“Quanto custou?”

… junta-se a abordagem fatal… 

“Quanto ganha?”

Se o interesse em perceber se aquela empresa será uma opção para si, demonstre a genuinidade do mesmo perguntando, por exemplo, “O que o motiva a trabalhar na sua empresa?

Desta forma, perceberá quais os pontos fortes (e eventuais fragilidades) da mesma. Se o nível salarial for um ponto forte, será, seguramente, mencionado. 

  1. Será que na sua empresa há lugar para mim?

Por maior que seja o desespero em procurar um novo desafio, temo que perguntar, sem mais, se a organização do seu interlocutor terá lugar para si, não lhe permita alcançar o resultado desejado. Dê a conhecer as suas capacidades técnico-científicas, assim como a sua mestria social, indicando, de forma elegante, que:

 “Neste momento, procuro novas oportunidades e novos desafios”

Se o seu interlocutor quiser — ou tiver possibilidade — de dar seguimento ao que acabou de partilhar, dar-lhe-á conta dos próximos passos e/ou partilhará algumas reflexões sobre o que poderá encontrar.

  1. Estou à beira de um burnout

Por fim, um dos temas “quentes do momento” que afeta, cada vez mais, profissionais de excelência: a síndrome de burnout.

Não obstante tratar-se de um problema sério — que deve ser tratado com todo o cuidado e profissionalismo — partilhar, num contexto de networking, os seus problemas de saúde, não será a temática nem a partilha mais apropriada. 

Estando totalmente empática com a urgência de desmistificar o “terrível tabu” que envolve os temas de saúde mental, acredito que uma abordagem nua e crua num evento profissional não será o melhor caminho. Como tal, o que me diz que indicar, genericamente: 

Estou a tentar encontrar o equilíbrio entre os vários desafios profissionais e a vida pessoal.

Tenha sempre em mente que um evento de networking, por mais informal e descontraído que possa (parec)ser, não deixa de ser um evento de cariz profissional. Como tal, abordagens do foro pessoal, não são adequadas para conquistar e/ou sedimentar laços profissionais. 

Assim, à máxima 

Antes de falar, cuide que as suas palavras sejam mais importantes que o seu silêncio”., acrescento

 “e ao falar, cuide as palavras escolhidas sejam as apropriadas para a ocasião”.

Artigo publicado na Executiva aqui.

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