O bê-á-bá das refeições de negócios: a convidada perfeita

Por: Joana Andrade Nunes
02/12/2021

Com o final do ano a chegar, a época dos almoços e jantares profissionais de Natal está, oficialmente, aberta. 

Sob o mote da partilha da refeição, a habilidade de deslumbrar à mesa, com elegância e graciosidade, permitir-lhe-á sedimentar laços com clientes, parceiros e colaboradores. 

Esta é, também, a época por excelência em que muitos superiores hierárquicos (incluindo estrangeiros) disponibilizam o seu tempo para reforçar laços com os seus colaboradores. 

Como tal, saiba quais são os 7 pecados capitais que, jamais, deverá cometer à mesa sob pena de comprometer – ou aniquilar – a sua carreira em segundos. 

  1. Colocar, de imediato, o guardanapo no colo e entrar em “pânico” com tantos talheres: assim que lhe for dada indicação pela anfitriã/pelo anfitrião para se sentar – não se esqueça que jamais se senta assim que chegar à mesa! – não coloque, de imediato, o guardanapo no colo. Espere que a anfitriã o faça e siga o seu exemplo. Não comece, também, a “hiperventilar” quando se depara com tantos talheres. Calma! Respire fundo! Vou partilhar consigo uma regra elementar que resolverá o “pânico dos talheres”. Os talheres utilizam-se sempre de fora para dentro trabalhando em direção ao prato.
  2. Ser autora do “furto do pão do vizinho”: Qual é o meu prato de pão”? Estará do lado esquerdo? Do lado direito? Uma dúvida “clássica” que assombra muitas executivas (e executivos!) de topo. O prato do pão é sempre colocado do lado esquerdo do prato de refeição (podendo, contudo, variar a posição exata de acordo com a tradição inglesa ou francesa). Para que nunca mais “roube” o pão do vizinho” (nem o copo de vinho) potenciando uma situação constrangedora, vou ensinar-lhe a dica “BMW” (bread = pão; meal = refeição; wine = vinho/bebidas). O seu prato do pão está colocado do lado esquerdo do prato de refeição; o seu prato de refeição marca o centro do seu lugar; os seus copos estão no canto superior direito do prato de refeição. 
  3. Delinear um anel de batom na borda do copo: utiliza batom de longa duração, mas, ainda assim, não consegue evitar o cenário tenebroso delineando um “anel” de marcas de batom na borda do copo? Saiba que deverá beber sempre sob a mesa marca evitando marcar a totalidade do copo (um cenário inestético, deselegante e evitável); 
  4. Colocar as mãos no colo e/ou os cotovelos na mesa: contrariamente às regras de etiqueta britânica – que determinam que as mãos permaneçam no colo durante a refeição – em Portugal, em Espanha, em França e noutros países europeus, as mãos e os pulsos (reforço, as mãos e os pulsos), devem estar sempre visíveis, na borda da mesa, ao longo da refeição. É um sinal de boas intenções e de confiança que remonta aos tempos em que os nobres franceses estavam autorizados a ter consigo as armas à mesa. Os cotovelos jamais deverão ser colocados em cima da mesa (de trabalho ou de refeição), em qualquer ocasião. 
  5. Colocar o telemóvel em cima da mesa: eu sei que é tentador responder aos e-mails de trabalho “urgentíssimos” e que é difícil não responder às mensagens de WhatsApp da sua filha que lhe dão conta dos últimos desenvolvimentos dos dramas amorosos. Contudo, telemóvel na mesa… jamais! Na mesa apenas constam os objetos necessários para a degustação da refeição. Mantenha o telemóvel na sua carteira em silêncio. Caso espere uma chamada urgente, partilhe previamente que poderá ter de se ausentar, momentaneamente, para atender. Nessa altura, peça apenas “com licença”, levante-se discretamente e coloque o guardanapo, em pinça, no assento da cadeira. Regresse à mesa, sem perturbar, com a máxima brevidade (e, claro… não se esqueça de colocar, novamente, o telemóvel na carteira e o guardanapo no colo).
  6. Falar de negócios, política e religião à mesa da refeição: temas sensíveis como política, religião, dinheiro e temas fraturantes não deverão ser partilhados à mesa – sob pena de colocar uma verdadeira “bomba atómica”. Tratando-se de uma refeição profissional, o tema “negócios” é permitido com conta, peso e medida. Jamais deverá abordar o assunto nos primeiros minutos entrando a matar. Também não o deverá fazer antes da escolha do prato. Sempre que possível, deverá abordar o tema após ter terminado a degustação do prato principal. Relembro-lhe, contudo, que a habilidade de abordar outros temas além de negócios – e que não integrem a lista negra de temas à mesa – é um elemento diferenciador que reforçará a sua excelência profissional. 
  7. Não aproveitar o momento para se dar a conhecer: tem receio de ser catalogada “negativamente” se se der a conhecer durante uma refeição profissional? Não desperdice um momento fantástico para reforçar a sua marca pessoal e profissional. Para que a possam conhecer, aproveite para partilhar as últimas conquistas profissionais (por exemplo, aquela formação executiva que contribuiu para o seu sucesso profissional e que a ajudou a manter a sanidade mental durante estes últimos meses) demonstrando o quão empenhada está em acompanhar o ritmo hodierno. Caso partilhe a mesa com convidados estrangeiros, “quebre o gelo” perguntando-lhes se estão a gostar de Portugal e, de seguida, partilhe a sua experiência profissional. Se for o caso, partilhe o quanto gostaria de realizar o sonho de ter uma experiência internacional. Quem sabe se tal oportunidade não está mesmo à sua frente.  Dar-se a conhecer – com conta, peso e medida e sem dominar a conversa – é fundamental para revelar facetas menos visíveis do seu percurso (pessoal e profissional) que podem ser determinantes na sua evolução profissional. 

Por fim, partilho uma “dica extra” para deslumbrar o  anfitrião: transforme-se na convidada perfeita agradecendo o amável convite, retribuindo o mesmo assim que possível. 

Não permita que “lapsos” de etiqueta e protocolo sejam um entrave para fechar “o negócio do ano” e construir relações sólidas e duradouras com clientes, parceiros e colaboradores. 

Desejo-lhe um Feliz Natal e um Excelente Ano 2022!

Artigo publicado, originalmente, na Executiva aqui.

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