Os últimos dias têm sido particularmente “produtivos” no que respeita ao “novo código de vestuário”.
Se, há dois dias, o tema era “sapatilhas na Sala Oval da Casa Branca e meias urbanas masculinas”, hoje o tema é dedicado ao público feminino.
Um vestido vermelho, cheio de glamour, com a assinatura Dior; uns chinelos, estilo “havaianas”, pretos a completar o look. Foi assim que, no passado domingo, a atriz Jennifer Lawrence se apresentou na passadeira vermelha do Festival de Cinema de Cannes.
A atriz justificou a escolha salientando já ter caído, em diversas ocasiões, ao utilizar saltos altos e que a maternidade a fez optar por um calçado raso e confortável.
Se o código silencioso (e não escrito) que determina que as mulheres se devem apresentar com saltos altos em ocasiões solenes é, cada vez mais, colocado em questão, temo que a opção oposta também não seja particularmente adequada e proporcional.
O lugar dos saltos altos facilmente poderia ter sido ocupado por sapatos rasos e confortáveis (por exemplo, sabrinas) que, não só garantiriam o conforto da atriz como, em simultâneo, permitiram que estivessem em sintonia com o vestido deslumbrante que escolheu para o evento.
Talvez o propósito de Jennifer fosse muito mais que o mencionado explicitamente. Se o seu propósito foi, também, provocar o público alertando para a imposição silenciosa de que uma mulher só está enquadrada se utilizar saltos altos, o propósito foi cumprido. Contudo, talvez umas sabrinas pretas, elegantes e confortáveis, tivessem sido uma opção mais adequada e exequível por qualquer mulher (em particular, por mulheres executivas e celebridades em ocasiões solenes) sem colocar em causa o tom da ocasião e sem fazer manchetes polémicas que poderão comprometer a imagem de excelência profissional da atriz e do próprio evento.