5 regras de ouro dos executivas de excelência

Por: Joana Andrade Nunes
09/01/2024

Entrar com o pé direito”. 

Ritual para uns, superstição para outros, a verdade é que o ditado popular permanece na nossa memória relembrando-nos que devemos “começar bem o ano”.

Para tal, recordo-lhe as cinco regras de ouro que todas as executivas (e executivos!) de excelência devem, religiosamente, cumprir. 

  1. Demonstrar respeito para com todos

Se, para muito, a definição de “respeito” ainda é um conceito indeterminado, creio que não deverá existir a ínfima hesitação aquando da colocação em prática deste conceito. 

Respeitar o outro é estar consciente que a nossa liberdade termina quando começa a liberdade do outro; é saber que o nosso tempo e a nossa agenda não são os mais importantes; é estar consciente de que não há verdades absolutas e, tal como a moeda tem duas faces, há sempre uma abordagem diferente sobre o mesmo tema.

Ilustrando o que acabei de referir, seja sempre (sempre!) tão pontual quanto um relógio suiço — social e profissionalmente, claro está. Um atraso — incluindo o “ligeiro atraso de 5 minutos” — é uma demonstração de falta de consideração e de respeito para com o outro, indicando-lhe que o seu tempo é mais valioso.

Fazendo a ponte com a segunda regra de ouro, evite abordar temas controversos que rapidamente poderão levar a uma conversa menos empática e simpática com o seu interlocutor: política, religião, dinheiro, finanças pessoais, ideologia e opções sexuais são exemplos de temas a abordar apenas quanto tenhamos consciência da capacidade de discussão do nosso interlocutor. Infelizmente, os últimos anos têm demonstrado que a arte de saber discutir está em vias de extinção… a intolerância tomou o lugar da tolerância; a unilateralidade e a “surdez comunicacional” tomaram o lugar que a discussão deve ocupar.

  1. Ouvir atentamente

Sendo a comunicação uma via de dois sentidos, uma executiva de excelência, em particular quando ocupa um lugar de liderança, deve, habilmente, escutar com os olhos, ouvidos e coração; deve dominar, como ninguém, a arte de ser um camaleão comunicacional adaptando o discurso a cada segundo.

Para que tal seja possível, implica que seja uma ouvinte ativa conseguindo dançar de acordo com a melodia do interlocutor. Implica, também, que saiba ser paciente — em particular em ocasiões desafiantes quando confrontado com temas que não vão ao encontro dos seus ideais. Deve, ainda, saber respirar fundo e, controlando a impulsividade em replicar de imediato, conseguir comunicar com assertividade, influência e persuasão como ninguém.

Saber escutar é a chave da diplomacia; é a chave para solucionar situações delicadas e sensíveis; saber escutar é, também, uma demonstração de respeito pelo outro.

Ainda que, a priori, não tenhamos interesse no tema abordado, se estivermos disponíveis para escutar, seguramente aprenderemos algo novo. Sempre que não dominamos o tema, devemos ser humildes e reconhecer que não somos conhecedores do mesmo, mas que temos todo o interesse em que nos seja explicado. Desta forma, não só aumentaremos o nosso conhecimento como conquistaremos o respeito do nosso interlocutor.

Assim, se comunga do terrível hábito de apresentar, de imediato, a sua posição, saiba que a impulsividade é um dos seus piores inimigos. No âmbito de uma conversa particularmente sensível, saber escutar e percecionar a visão do nosso interlocutor far-nos-á adquirir a visão do outro, dando-nos indicações preciosas para podermos adaptar o nosso discurso e comunicar com assertividade e persuasão.

  1. Utilizar vocabulário adequado 

Dos ambientes pautados pela informalidade, aos ambientes mais tradicionais e conservadores, o respeito pelo outro e a escolha das palavras adequadas são pilares transversais que sustentam a excelência profissional. Profissionalmente, a escolha do vocabulário adequado é fundamental para construir e sedimentar uma imagem de excelência.

Por mais carinhosas que possam parecer, palavras e/ou expressões como “minha querida”, “meu amor”, “amiga(o)” são veemente desaconselháveis no contexto profissional.

Por sua vez, esteja consciente que a utilização de jargão nem sempre permite que o outro consiga perceber o que pretende transmitir. Nós, advogados, temos o “hábito” de comunicar, em qualquer contexto, em “juridiquez”. E, aqui, pessoalmente, apresento o “mea culpa”… Quantas vezes a cara do nosso interlocutor nos demonstra que não percebeu uma única palavra do que pretendemos transmitir?

Utilizar vocabulário adequado não é, pura e simplesmente, não proferir palavras tabuísmos… é saber dominar, com mestria, a seleção de palavras adequadas para cada contexto e em função do nosso interlocutor. Selecione, assim, habilmente, as palavras e expressões adequadas para cada ocasião; articule, devidamente, cada palavra; por fim, use e abuse da magia ímpar que o nome do seu interlocutor lhe garante.

  1. Estar presente

Em 2024, esteja presente. 

Estar presente significa que atitudes inconscientes que se foram automatizando na nossa vida e que não nos permitem estar verdadeiramente presentes não devem ter lugar. Falo de responder a uma mensagem ou a um e-mail enquanto comunicamos com alguém (seja numa reunião ou, ainda mais grave, à mesa de refeição).

Lembremo-nos que estar presentes, verdadeiramente presentes, é fundamental para criar empatia e sedimentar laços com o nosso interlocutor; implica escutar o outro demonstrando respeito e interesse pelo seu discurso; implica sermos ouvintes atentos — o que, dificilmente, se conseguirá respondendo, em simultâneo, a mensagens de WhatsApp, Instagram ou e-mails.

Consta que nós, mulheres, temos uma capacidade invejável para conciliar, em simultâneo, múltiplas tarefas. Ainda que tal capacidade nos seja inata — e que sejamos exímias na sua execução — em determinadas situações poderá comprometer a nossa imagem de excelência profissional.

Por mais que defendamos que, em simultâneo, conseguimos responder a um e-mail – ouvir o nosso interlocutor – pensar no horário das atividades dos nossos filhos e na melhor forma de organizar o dia para cumprir as responsabilidades familiares – tomar nota mental de que temos de passar no hipermercado para ultimar as compras para o jantar, há um aspeto que inviabiliza esta dinâmica: a ausência de contacto visual com o interlocutor que, na nossa cultura, é uma demonstração clara de falta de respeito.

  1. Colocar em prática, diariamente, a Arte de Agradecer

Para terminar, lembre-se de colocar, diariamente, em prática a arte de Agradecer.

Agradecer é um ato de pura generosidade sem esperar nada em troca. Agradecer é valorizar cada conquista do dia-a-dia demonstrando ao outro o poder que um sorriso e uma palavra de reconhecimento podem ter.

Agradeça à sua secretária porque, diligentemente, organizou toda a documentação para a reunião; ainda que seja uma tarefa que tem de cumprir, não deixe de dizer “Obrigada, Ana” pois o silêncio será o seu pior inimigo; agradeça ao segurança quando este lhe abrir a porta para entrar; agradeça a quem, diariamente, se cruza consigo e lhe permite viver — e não apenas “sobreviver” à selva em que se está a transformar o mundo executivo…

Votos de um ano 2024 repleto de inúmeros sucessos!

Artigo publicado na Executiva, aqui.

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