Vai visitar um recém-nascido? Conheça as 5 regras de ouro que deverá respeitar

Por: Joana Andrade Nunes
18/08/2023

Se o nascimento é fonte de enorme alegria, a visita de familiares e amigos pode transformar-se numa verdadeira “dor de cabeça” ou num “pesadelo” para os pais do bebé quando o bom senso não impera.

Dando voz aos inúmeros pedidos que me chegam para “abordar este tema sensível”, pergunto:

Quem nunca sentiu o impulso genuíno de dar um beijinho carinhoso a um recém-nascido, atire a primeira pedra…

Quem nunca desejou dar colo ao bebé instantaneamente sem pedir, previamente, aos pais, que atire a segunda pedra…

Quem nunca desejou visitar, “de imediato”, o bebé sem se lembrar de ter o cuidado de esperar que sejam os pais do recém-nascido a convidar, atire a terceira pedra…

Envoltos no espírito de alegria que o nascimento do recém-nascido envolve, são inúmeras as situações que podem comprometer a saúde do recém-nascido e a estabilidade emocional dos pais.

A todos os familiares (avós incluídos!) e amigos, relembro as 05 regras de ouro de deverão ser respeitadas, à risca, antes e aquando da visita um recém-nascido.

  1. Aguarde pelo convite dos pais do recém-nascido para visitar o bebé.

As visitas hospitalares, na maternidade, estão reservadas para familiares próximos e/ou a quem os pais do bebé entenderem que tem o privilégio de os visitar na maternidade.

Aos avós, deixo um alerta que, inúmeras vezes, é um “tema” que causa desconforto a um (ou ambos) progenitor e se transforma “numa pedra no sapato” durante largos anos…

Durante o período da gravidez, cabe aos pais — e, neste tema em particular, à mãe — decidir QUEM, QUANDO e COMO poderá visitar o recém-nascido na maternidade.

Tendo por base um parto saudável e sem complicações médicas, lembremo-nos que a mãe, em particular, vai atravessar um período muito exigente e desafiante e poderá não estar nos seus melhores “ares e graças” nem com espírito para receber outras pessoas (excepto o pai do bebé).

Como tal, cabe à mãe, decidir se deseja ter visitas, quem são essas visitas e quando terão lugar as visitas. Por mais amor que se decida demonstrar ao bebé e aos pais, uma visita hospitalar poderá não ser desejada pelos pais ou, em particular, bem recebida pela mãe que, reforço, está em ambiente hospitalar.

Aos pais que possam “discordar” da opção da mãe, relembro que é a mãe (e não o pai) que passará por uma “maratona” física e psicológica verdadeiramente exigente. Como tal, poderá não se encontrar física e/ou psicologicamente preparada para “fazer sala” com outras pessoas devendo ver a sua opção respeitada.

Lembremo-nos que os avós, tios, padrinhos e amigos terão uma longa vida pela frente para demonstrar todo o amor pelo bebé não tendo de ser demonstrado, presencialmente, desde o primeiro segundo na maternidade. Uma videochamada com os avós, tios ou amigos mais próximos poderá resolver, “facilmente”, a questão.

Quanto às visitas em casa, caberá, mais uma vez, aos pais do recém-nascido a decisão de quem, quando e como poderão visitar o bebé em casa.

Cada vez mais é resguardado o período do primeiro mês do bebé para que, dado o seu início de vida, não contacte com várias pessoas que possam colocar em causa a sua saúde.

Novamente relembro: aguarde que sejam os pais a convidá-lo para visitar o bebé e não sugira uma visita sem que tenha sido, previamente, convidado pelos pais.

Não concorda com a opção dos pais?
Entende que a opção da mãe é “demasiado rígida e restritiva”?

A sua nora “dificulta” as visitas ao recém-nascido?
O seu genro é um “pai leão” e não deixa ninguém aproximar-se do bebé?


Saiba que cabe aos pais, única e exclusivamente, tomar a melhor decisão para os seus filhos.

Nós, terceiros, mesmo quando unidos por laços de sangue, não temos de concordar nem discordar: temos apenas de respeitar a posição dos pais.

2. Não segure o bebé sem que a mãe ou o pai dê indicação clara, expressa e inequívoca

Um recém-nascido tem, nas primeiras semanas, um quadro clínico particular que deverá ser respeitado. Como tal, é absolutamente fundamental que se respeite a vontade dos pais (muitas vezes reforçada por indicação médica) de restringir o toque de terceiros para salvaguardar a saúde do bebé.

Aguarde que o pai/mãe do bebé lhe perguntem se gostaria de dar colo ao bebé; caso não o façam, aconselho a que não tome a iniciativa nas primeiras semanas de vida do bebé por poder colocar os pais numa situação constrangedora de não o/a querem magoar com uma resposta negativa.

3. Não peça aos pais para acordar o bebé

Acredito que, em particular os familiares mais próximos, tenham imensa vontade de ver “os olhinhos de leite do bebé” e que poderão ficar “desiludidos” se, na primeira visita, o bebé estiver a dormir.

Caso tal suceda, jamais deverá ser feita a sugestão, ainda que delicadamente, de acordar o bebé! O sono do bebé é sagrado e jamais deverá ser perturbado.

4 . Não tire fotografias sem autorização expressa dos pais

Eu sei que o bebé é muito querido, fofinho e amoroso… e que os smartphones vieram “facilitar” o registo instantâneo do momento. Lembre-se, contudo, que os pais poderão não querer que a imagem do seu filho circule fora do seu controlo. Assim, caso faça questão de registar o momento, pergunte previamente aos pais se pode tirar uma fotografia do bebé ou se poderão partilhar uma fotografia do bebé. Caso a resposta seja negativa, respeite e não leve “a peito”: cada pai decidirá em função do que entender melhor para o seu filho.

5. Não dê “sugestões” sobe a melhor forma de “criar bebés”

Se é mãe, tia, avó, seguramente terá todo o gosto em partilhar a sua experiência com os recentes pais e, em particular, com a mãe.

Contudo, a partilha da sua experiência jamais deverá ser efetuada em tom de crítica ou de regra sagrada a seguir religiosamente.

Seguramente que, enquanto mãe, seguiu muito conselhos de familiares e amigos, mas, ao mesmo tempo, também tomou caminhos diferentes por entender que era o melhor para o seu filho.

Assim, saiba que ninguém é “portador da verdade absoluta” e que a cada pai, em exclusivo, caberá tomar a melhor decisão para o seu filho.

Este tema é particularmente sensível quanto estão em causa os 3 temas “fulminantes”: sono, amamentação e rotinas.

A título de exemplo, criticar a opção da mãe/pais pela não amamentação jamais deverá ter lugar. Cada mãe é livre de decidir a melhor opção para si e para o bebé não sendo tolerado qualquer juízo moral sobre o tema.

O mesmo sucede relativamente ao sono e rotinas do bebé: cada família, de acordo com a gestão familiar implementada, decidirá como enquadrar um recém-nascido. Se decidem que a sesta deve ser realizada no quarto do bebé e não estão disponíveis para que o mesmo realize a sesta no carrinho enquanto almoçam em família num restaurante, é essa a decisão a respeitar. Pelo contrário, se os pais permitem que o bebé realize a sesta no “ovo”, contrariamente ao que, na opinião do estimado leitor, jamais deveria ter lugar, é essa decisão que deverá ser respeitada e jamais comentada.

Em suma: a maternidade é um período cheio de emoções que, não raras vezes, se transforma num verdadeiro percurso efetuado numa montanha-russa. Enquanto pais, aprendemos com os nossos erros e, tal como os nossos pais, decidimos o que entendemos ser o melhor para os nossos filhos. Como não há dois seres iguais, não há duas famílias iguais nem dois bebés iguais. O que, para nós, pode fazer todo o sentido e ter resultado com os nossos filhos, pode não ir ao encontro do pretendido por outros pais nem se enquadrar na sua filosofia de vida.

Saber estar é, acima de tudo, respeitar os outros e as suas opções: impor a nossa opção, por mais legítima que possa ser, não poderá ter lugar.

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